Em Junho do ano em curso, o empresário Agostinho Kapaia, PCA do Grupo Opaia, viu o seu nome envolvido num escândalo sobre a compra milionária com dinheiro público de autocarros, por 323,5 milhões de euros.
Na altura, os críticos acreditavam que o Estado havia pago bastante mais do que devia. E este já teria sido o segundo ajuste direto concedido pelo Presidente angolano, João Lourenço, ao referido grupo empresarial, em menos de um ano.
Neste final de semana, o Grupo Opaia, em parceria com a Volvo Bus e Auto Sueco Angola, apresentou publicamente o projecto que está a ser implementado numa área de 24 hectares na Zona Franca da Barra do Dande.
Segundo apurou o portal MOVi, a implementação compreende cinco fases, sendo que a primeira é de desmatação, e acomodação dos solos, e a seguir virá a fase de vedação do espaço e exploração das infra-estruturas e edifícios industriais.
O referido projecto está avaliado em 90 milhões de dólares provenientes do Afrique Sim Bank e que envolve os grupos empresários, Opoia, Auto-Sueca e Volvo, que a partir do terceiro trimestre de 2025 irão colocar no mercado nacional e regional mil autocarros da marca Volvo.
A prioridade do projecto é a componente social, pois irá gerar mil empregos directos, e os futuros profissionais vão beneficiar de formação on job nos domínios da montagem dos autocarros e capacitação em condução.
Agostinho Capoia, PCA do Grupo Opaia, disse que a visão é poder abastecer não só o mercado angolano, mas também outras regiões de África. Já o secretário de Estado para os Transportes Terrestres, José Bengue, salientou que será um grande benefício para Angola, pois o esforço feito para importação é muito grande.
Voltando a polémica sobre a compra milionária de 600 autocarros, ocorre que o Presidente angolano havia adjudicado a compra dos veículos a um consórcio que integraria a empresa Opaia Europa, do grupo Opaia. Cada autocarro teria custado 540 mil euros, algo que levou a sociedade civil angolana a desconfiar de sobrefaturação.
Contas feitas pelo activista e jornalista Rafael Marques, citado à DW, indicavam que cada viatura não deveria ter custado mais do que 250 mil euros.
Na ocasião, o Ministério dos Transportes disse que os valores envolvidos na compra não eram só para comprar os autocarros: incluiriam também a manutenção e assistência técnica, além da construção de uma fábrica de autocarros para exportação na Barra do Dande, província do Bengo.
Entretanto, informações posta a circular no passado mês de Outubro, davam conta que o Tribunal de Contas teria chumbado o contrato de aquisição por323,5 milhões de euros, aprovado em Maio deste ano, pelo Presidente João Lourenço.