Vários cidadãos em Luanda, entrevistados pela Lusa, consideraram não ser prioritária a divisão político-administrativo da capital do país, proposta que já foi aprovada nesta sexta-feira, 09, pelos deputados à Assembleia Nacional, na especialidade, com 64 votos a favor, 19 contra (da UNITA) e duas abstenções, dos partidos de Renovação Social (PRS) e Humanista de Angola (PHA).
“Não tem lógica fazer essa divisão (de Luanda)”, disse Anabela Fernandes, estudante de 21 anos, residente em Cacuaco, município mais ao norte de Luanda, defendendo a aposta na melhoria da mobilidade e dos serviços de educação e saúde.
A divisão de Luanda não é prioritária, considerou um outro cidadão identificado por Cláudio Leite, apontando para a necessidade da dispersão da densidade populacional pelo atuais municípios, seguida da melhor distribuição da riqueza e estímulos à habitação a nível local.
“Se dispersarmos a população nesse território que hoje é Luanda, acho que seria a solução e não, necessariamente, criarmos uma outra província como solução, porque se nós olharmos, a economia de Luanda movimenta-se num outro sítio”, disse.
Cláudio, que trabalha num supermercado em Cacuaco, considerou que as autarquias são prioridades para o país, porque as abordagens “têm sido muito politizadas”, defendendo a melhoria dos transportes e do saneamento.
Mais atenção aos pobres foi o que defendeu Mateus Luis, 76 anos, residente na Ilha de Luanda, tendo criticado a pobreza extrema que afeta milhares de angolanos passados quase 50 anos da independência.
“Se na verdade já temos esse todo tempo de independência, por que razão ainda se verificam pessoas a mendigar”, questionou o reformado, que disse ser favorável à divisão de Luanda se esta melhorar a vida dos cidadãos.
Referir que, o instrumento jurídico, que vai à votação final global na próxima semana, previa, inicialmente, a criação de duas novas províncias, que nasceriam em resultado da divisão da província do Moxico, passando a ter Moxico e Kassai Zambeze, e da província do Cuando Cubango, repartida em Cuando e Cubango.
Entretanto, com a proposta de Lei da divisão político-administrativa de Luanda, a DPA, feito pelo Grupo Parlamentar do MPLA, o país terá 21 províncias, resultado da divisão da capital do país, que deu origem à província de Icolo e Bengo.
De acordo com a proposta do MPLA, a província de Luanda, que também continuará a ser a capital do país, com os municípios da Ingombota, Cacuaco (com as comunas de Cacuaco e Kikolo), Cazenga (com as comunas de Cazenga e KimaKieza), Viana, Belas (com as comunas da Barra do Cuanza, Cabolombo e Ramiros), KilambaKiaxi, Talatona e Luanda.
A província de Icolo e Bengo, com sede na vila de Catete, contará com sete municípios e 11 comunas, nomeadamente Icolo e Bengo, Quissama (com as comunas da Muxima, Kixinje, Demba Xio e Mumbundo), Calumbo, Cabiri, Cabo Ledo e Bom Jesus e o município do Sequele.