A UNITA, oposição angolana, estimou que o desempenho negativo da Assembleia Nacional ganhou uma nova dimensão com aprovação, pelo Grupo Parlamentar do MPLA, da nova divisão política e administrativa da província de Luanda, um acto que em seu entender, insulta a inteligência dos cidadãos e descaracteriza a capital do país.
De acordo com presidente da bancada parlamentar deste partido, Liberty Chiyaca, que falava em conferência de imprensa de balanço do segundo ano parlamentar da V legislatura, que terminou em 15 de Agosto, a nova divisão política administrativa visa atrasar, impedir ou obstaculizar a institucionalização efectiva das autarquias locais, no momento em que se discutem as propostas para o efeito.
“Constatamos que a esmagadora maioria é de opinião que se trata de uma medida desnecessária, inútil e sem qualquer fundamento político, histórico ou de eficiência e eficácia governativa”, disse, afirmando que “esta divisão administrativa não vai melhorar ‘em nada’ a vida das pessoas”.
Em gesto de reforço, o político assinalou que a divisão administrativa não vai fazer com que as consultas médicas e os medicamentos sejam grátis para quem não tem dinheiro para pagar as clínicas da classe rica, muito menos, fazer com que os filhos dos pobres estudem com os mesmos livros e com a mesma qualidade que os filhos dos ricos.
Disse que “o partido-Estado quer que a cidade capital dos angolanos deixe de ser uma cidade e passe a ser uma província”. Por esta razão, pensa que é urgente anular e reverter esta medida arbitrária.
Chiyaca voltou a enumerar que “numa sociedade sem serviços mínimos, onde as pessoas não têm água potável, saneamento básico, os governantes desviam dinheiro e o patrimônio público, os juízes são corruptos, o desemprego e a miséria não param de crescer, onde as pessoas estão a morrer de fome e jovens estão sem futuro”, para depois questionar “qual é o benefício concreto de haver mais um traçado no mapa que se chama província”.
O líder parlamentar do maior partido na oposição angolana, o único proposito deste Mapeamento Político Eleitoral (MPE) é a vontade partidária de multiplicar fradulentamente ganhos eleitorais para manter o poder hegemónico do partido-Estado e travar a trajectória decrescente e irreversível dos resultados eleitorais do regime.
“Com mais uma província no papel, será que as pessoas vão passar a ter mais comida em casa. Não! A qualidade de educação vai melhorar. Não! Os preços da comida e das propinas vão baixar. Não! Os governantes vão deixar de desviar os bens públicos. Certamente que não!”, proferiu o político da UNITA, assinalando que, a única certeza é que “a despesa pública vai aumentar, a dívida pública vai aumentar, os atrasos salariais vão aumentar, a fome vai aumentar e o sofrimento da maioria do povo vai aumentar”.